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Para os fãs de Whisky

  5 Excelentes Whiskies Para Iniciantes: Como Escolher Sem Medo em 2025 Publicado em  26/02/2025  por  Universo do Whisky Entrar no mundo dos whiskies pode parecer um desafio: são tantas opções, preços que variam de “dá pra pagar” a “só em sonho”, e aquele medo de escolher algo que seja forte demais ou que não valha o investimento. Mas calma, eu te ajudo! Neste artigo, selecionei cinco whiskies para iniciantes que são suaves, têm qualidade decente e cabem no bolso – até R$ 150, forçando no máximo R$ 180. São garrafas perfeitas pra quem quer começar em 2025 sem se sentir perdido ou gastar uma fortuna. Vamos conhecer cada um deles e descobrir como escolher sem medo? Ballantine’s Finest – O escocês que não complica O  Ballantine’s Finest  é um blended scotch, ou seja, uma mistura de whiskies de malte e grãos que resulta num sabor bem equilibrado. Ele é produzido na Escócia, terra sagrada do whisky, e traz um perfil leve, com notas adocicadas de mel, baunilha e...
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FIJI

  Fiji não era apenas um arquipélago distante. Era uma promessa, uma imagem esculpida em tons de azul e branco que se formava na mente como um oásis inalcançável. Falava-se de suas praias onde o tempo parecia suspenso, de ilhas dispersas como jóias no oceano, de um mar que refletia o céu como se o carregasse no colo. Era o retrato ideal para algo que nunca aconteceu. Penso em nós, ou no que poderíamos ter sido, como quem observa a linha do horizonte, sabendo que ela jamais se aproxima. Havia promessas nos dias que passamos juntos, mas eram como castelos de areia — firmes por um instante, mas destinadas às marés. Falamos tantas vezes de viagens que nunca fizemos. Imagino você com os pés afundados na areia quente, o sol brincando nos seus cabelos enquanto eu buscava palavras para prender aquele instante. Mas as palavras nunca vieram, e nem a viagem. Uma vez, desenhamos um barco num guardanapo de papel. Você riu, dizendo que ele jamais flutuaria. Ainda assim, dobramos o papel com cuid...

GIBRALTAR II

  Gibraltar era mais um ponto no mapa, um nome que flutuava na geografia da minha infância, sem peso ou cor. Um dia, virou metáfora. “Inatingível como Gibraltar”, você dizia, com aquele meio sorriso que me desarmava. Não sei se falava de você mesma, de mim ou do que nós não conseguíamos ser juntos. Mas gostei da ideia de um rochedo: imóvel, altivo, cravado no horizonte. Era final de outubro, prenúncio das primeiras chuvas de verão, o vento agitava a copa das árvores naquela tarde. O café que você preparou esfriava na mesa enquanto falávamos sobre coisas que não importavam. Você mencionou Gibraltar pela primeira vez ali, sem cerimônia, como quem joga um seixo na água. O som reverberou por dentro de mim, e só muito depois percebi o eco. Amores inatingíveis têm essa estranha qualidade: nos aquecem e nos congelam ao mesmo tempo. Eu me aquecia no brilho da sua presença, mas também sabia que o caminho até você era longo, pedregoso, talvez interditado. Gibraltar, afinal, não se deixa esca...

O Instante que Escapa

  Sentado na varanda, com o crepitar das folhas ao vento preenchendo o silêncio, lembrei-me da brevidade de tudo aquilo que chamamos “agora”. O tempo, esse velho e misterioso companheiro, nunca se detém para nos saudar. Ele passa, sempre, como um visitante invisível que deixa suas marcas sem jamais ser visto. Pensei no instante em que a ponta do pé toca o solo durante uma caminhada. Antes mesmo de percebermos, aquele contato já é passado. O momento é uma ponte entre o que foi e o que será, uma linha tão fina que parece escapar entre os dedos. A todo instante, o presente é um eco do que acaba de acontecer e uma promessa do que está por vir. Há algo melancólico nisso, mas também algo extraordinário. O presente nunca é estático. Ele carrega o peso das nossas memórias e o sussurrar dos nossos sonhos. Cada suspiro, cada batida do coração, é um lembrete de que estamos em movimento, numa dádiva de transição constante. Pensei nos dias em que ansiamos pelo futuro, como se ele trouxesse resp...

A Indescritível Beleza do Caos

Era uma tarde modorrenta, dessas que parecem se equilibrar precariamente entre o tédio e o assombro. Na rua, um cachorro sem dono perseguia sua própria sombra, enquanto um varal lotado de roupas balançava ao vento como bandeiras de uma revolução esquecida. Os sons eram muitos: o eco metálico do martelo de um pedreiro, o motor cansado de um ônibus velho, a conversa entrecortada de duas vizinhas que discutiam o preço das verduras. Sentei-me na varanda com uma xícara de café que já esfriava. Tudo parecia fora do lugar. Uma folha amarelada caiu da mangueira do quintal, e vi nela uma espécie de poema, como se a própria árvore tivesse desistido de segurá-la. Que estranho, pensei, como as coisas mais insignificantes carregam, em seu próprio modo, uma centelha de eternidade. Na calçada, um menino puxava o carrinho de plástico enquanto sua mãe gesticulava ao telefone. Ele ignorava o mundo, concentrado em fazer o carrinho cruzar uma poça d’água que resistia ao sol. Ali, naquela pequena cena, o c...

A Noiva de Dezembro

  Naquela manhã, como sempre ocorria em dezembro, a casa parecia segurar a respiração. Ela acordou cedo, como quem tem pressa de viver o dia mais importante da vida. O vestido branco, com suas mangas bufantes e rendas delicadas, estava cuidadosamente estendido sobre a cama. Um modelo tanto antiquado — alguns especialistas em moda poderiam dizer — mas, segundo ela, o vestido seguia à risca o desenho de um renomado estilista italiano. Em frente ao espelho, ela se arrumava com devoção. Camadas de pó delicadamente dispostas nas maçãs do rosto, a longa trança negra e brilhante, que descia da cabeça até o meio das costas, iluminada pelo sol vespertino que atravessava a janela do quarto. O casamento fora planejado para dezembro, entre o Natal e o Ano Novo. Uma escolha que, embora romântica, tinha suas razões bem práticas. Maio, o tradicional mês das noivas, era disputado demais, os preços inflacionados e a igreja ficava com a agenda lotada. Dezembro, por outro lado, era uma época em que o...

Velho Ano Novo

  Não sei ao certo quando começou essa conversa de que a vida recomeça a cada ano. Para mim, ela parece mais um rio teimoso, que segue no mesmo curso, ora estreito, ora largo, mas sempre indo. Não que eu despreze o ritual das promessas, a contagem regressiva, o champanhe barato. Já acreditei nisso um dia, como se o relógio marcasse zero hora e a vida, de repente, abrisse uma porta nova. Hoje, penso que o rio não se importa muito com essas ilusões. Os anos se empilham como as revistas antigas no fundo do armário. E o que fiz de concreto, afinal? Poderia dizer que não plantei árvores, nem escrevi livros importantes, nem mesmo eduquei filhos — uma biografia que não impressionaria ninguém. Mas houve planos, claro. Sempre há. Uma promoção no trabalho que não veio, um amor que escorregou pelas mãos vacilantes, viagens que ficaram nos mapas rabiscados. Não me tornei melhor nem pior, apenas continuei. Se há uma certa melancolia nisso... penso que sim. A ausência de grandes conquistas, como...

Evocações de Belchior

  As manhãs têm sido todas iguais, e talvez aí esteja o problema. O vento passa apressado, varrendo folhas e memórias pelas ruas, como quem quer logo sair de cena. A vida, essa velha conhecida, segue no piloto automático, num compasso que lembra as segundas-feiras: arrastada, sem promessa de novidade. Foi numa dessas que você, caro Belchior, me voltou à cabeça, como uma velha melodia que insiste em reaparecer quando o silêncio ameaça ser maior. Lembrei de você porque anda faltando coragem por aqui. Coragem para dizer o que precisa ser dito, para olhar a vida de frente e chamá-la pelo nome. "Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro", você cantava, e talvez seja disso que andamos precisando: lembrar que viver dói, mas é preciso encarar. As ruas já não têm música. O Brasil que você desenhava, com nuances de amor e crueza, parece ter se apagado. "Meu delírio é experiência com coisas reais", mas a realidade anda pesada demais, como se as cores tivessem desbotado...

Exercícios de Perfeição da Fé

  Assim me recordo com dolorida saudade daqueles dias de infância, quando íamos visitar nossos avós maternos no interior de Goiás... Lembro de certa manhã, onde tudo parecia de uma simplicidade desarmante. O sol vinha preguiçoso pelas frestas da janela, riscando a sala com um dourado tímido. O cheiro do café escapava da cozinha, preenchendo a casa com uma espécie de certeza: o dia começara. Dona Irene, 82 anos, repetia seu ritual diário. Sentava-se na cadeira de palhinha, próxima ao jardim, com a Bíblia entreaberta e um rosário escorregando pelos dedos nodosos. Não rezava apenas por si, dizia. Rezava pelo mundo, pelos netos barulhentos e até pelo vizinho que nunca devolvia a mangueira emprestada. A cada conta do rosário, uma súplica ou um agradecimento. Na rua, o carteiro caminhava lentamente. A cada portão, ele entregava cartas que ninguém mais lia com pressa. De onde estava, Dona Irene ouvia o som das dobradiças rangendo e imaginava o encontro entre a caligrafia apressada e as mã...

A saudade de Manoel de Barros

Ausente entre nós desde 13 de novembro de 2014, é inegável a falta que o poeta matogrossense Manoel de Barros nos faz. Em tempos de aspereza cada vez mais exacerbada, a ausência da sua candura e o seu olhar onírico sobre a vida faz desse mundo um lugar mais pálido, menos interessante.  A seguir, alguns poemas de Manoel de Barros, para que possamos recobrar a inocência outrora perdida. O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de des...