segunda-feira, 20 de junho de 2011

OFÍCIO DA POESIA

Ainda é noite alta quando o poeta
Descreve no céu um sol estático
Trazendo a lume coisas há muito
Adormecidas em sua solidão:
 
Um escorpião de vidro
A moedinha de prata, presente do
[bisavô
O retrato de Maria no fundo da gaveta
Tocado na face pelos dedos amarelos
Do tempo
 
O poeta escafandrista vasculha
Almas revoltas imersas em destinos
[incertos
E à tona, quase sem ar
É senhor dos mais recônditos segredos
Encerrados em câmaras de chumbo
 
E das tardes vazias e mortas
O poeta procederá no destilo
Do vinho novo e temperado
Para que todos celebrem, à mesa,
A chuva de nêutrons no coração da
[supernova,
A cidade desvencilhada,
O princípio do novo
 
* * *
 
Goiânia, junho de 2006

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