Naquela manhã cinzenta me deste
um sorriso, e por alguns instantes pude contemplar as cores do paraíso.
Submerso no profundo mar azul dos
teus olhos – que também seriam castanhos, ou ainda, tingido de todas as cores
do arrebol – permaneci estático, tal qual um busto de bronze exposto às intempéries
da ilusão.
Por um fugaz instante
experimentei uma paz profunda, quase celestial. E vi passar toda a febre do
mundo, como as nuvens de uma tempestade que inesperadamente mudam seu curso.
Num sobressalto, você deu um
passo para trás. E mais um. O sorriso contornado pelo batom vermelho se desfez.
Virou as costas e partiu, sem adeus. E naquele momento senti-me um tolo,
atônito, perdido naquela manhã cinzenta.
* * *
Gurupi, 21 set 2015.
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