Xilema transcendental
Que por milênios povoa
As artérias humanas
Circum-navega as caudalosas
Correntes da alma
E deságua
Na foz do rio que no santo sacramento
Recebeu o nome de Destino
No espelho de tantas águas
A criatura humana viu sua fronte
Refletida
No silêncio noturno gauleses navegavam
As gélidas águas do Ródano
Tingidas de vermelho pelos cães
De guerras imemoriais
Ninfas seminuas e homens devastados
Em desespero percorriam
As planícies de Hades
Afundando o corpo e a memória
Nas águas azuis do Lete
O pêndulo universal balouça
Na abóboda celestial
Dissolvendo e reedificando
As gerações
Em novas trincheiras
Recompõem-se fileiras
De soldados
Cruzados hasteando fuzis
Sob a égide de um novo Deus
No prelúdio de uma nova
Existência
O negro húmus fecunda a vida
Sob o pálio da inaudita morte
E esta, a cada gole no cálice
Do Infinito
Reescreve holocaustos
Envolta em devaneios de esperança
∞
(Glauber Ramos)
* * *
Goiânia, 30 de junho de 2011
Um comentário:
Triste realidade que nos deixa perdidos e a mercê do desconhecido.
Parabéns.
Bjs
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