E falando dessas histórias de amor que se encerram vazias de gestos, com a desconstrução de sonhos, afogadas em lágrimas; e outras tantas culminando em vulcões de ódio, o gosto amargo do fel invadindo as manhãs... e assim, desde sempre, uma história se enredando na outra, tal qual uma mortalha trabalhada pelas mãos do tempo, sem prazo para terminar.
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot,
a caminho da Inglaterra, 09.1938
(Vinicius de Moraes)
Trocando em miúdos (Chico Buarque & Francis Hime) - Alcione e Emílio Santiago
Do fundo do meu coração - Fernanda Takai e Erasmo Carlos
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