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Sobre Roberto Carlos - o "rei"

Falando de outro Braga, também natural de Cachoeiro do Itapemirim - ES (seriam parentes, afinal?), que não é o Rubem...

Antes de se tornar um cantor enfadonho das mesmas velhas canções melosas do especial de fim de ano da Globo, o "rei" Roberto Carlos passou por alguns períodos interessantes em sua longeva carreira. Talvez a mais obscura dessas fases seja aquela que culminou com o declínio da Jovem Guarda, em que desapareceram da sua música os temas pueris, como carangos envenenados e garotas no escuro do cinema, para dar lugar às temáticas "adultas", como crises existenciais, relacionamentos amorosos, filosofia, religião e tais coisas.

Foi nesse período de transição que Roberto Carlos lançou um disco muito interessante, mais precisamente em 1971, com nítidas influências da black music americana. Mas uma canção em especial deste bolachão seria um divisor de águas na sua carreira - Detalhes -, que nada tinha desses elementos da música negra estadunidense, mas que fez dele o cantor romântico tal qual o conhecemos hoje.

Roberto é o cara. Mas acho o Erasmo mais bacana!

Não vou ficar (música de autoria do amigo Tim Maia. Nítido exemplo da fase "black" do Roberto. Retirada do filme "O diamante cor de rosa")

Quando (Rooftop Concert tupiniquim?)

Pra ser só minha mulher (bolerão rasgado, tocado nas melhores e piores zonas do país)

E o que dizer dessa versão do Otto pra mesma música acima, "Pra ser só minha mulher"? Destaque para o desempenho inigualável do Xico Sá pagando de conquistador em cima das "meninas" da Augusta.


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