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Nas asas de Gagarin

E eis que neste 12 de abril comemora-se o cinquentenário da primeira viagem do homem ao espaço.

E eis que a homérica jornada espacial coube a um jovem cosmonauta russo de 27 anos, chamado Yuri Alekseievitch Gagarin.

E o que se passava na cabeça de Gagarin nos instantes que antecederam a partida da nave Vostok? Tivesse ele medo? E por que ele foi o escolhido? Talvez a resposta esteja na sua estatura. Diferentemente do biotipo padrão dos russos, Gagarin tinha apenas 1 metro e 57 centímetros de altura, estatura ideal para as dimensões mínimas do bólido.

E o filho de camponeses agora singrava rumo a mares desconhecidos, na mais solitária das viagens que um homem pode empreender. E lá do alto, durante os 108 minutos que esteve em órbita, Yuri Gagarin pode contemplar o minúsculo planeta incrustado na dimensão infinita do espaço, que oberservado dali parecia tão calmo e silencioso, para em seguida exclamar admirado: "A Terra é azul!".

E esta mesma Terra azul, habitada por homens negros, brancos, amarelos, vermelhos e por todas as cores resultantes da mistura dessas matizes, mesmo cinquenta anos após aquela viagem, jamais entendeu a mensagem de Gagarin: que por mais que levantemos fronteiras, que por mais que semeemos o ódio pelos nossos semelhantes, a Terra restará sempre igual lá de cima, uma minúscula esfera azul e silenciosa a girar no espaço sideral.

Diante dos fatos, só me resta cantarolar aquela musiquinha do Baden: "O astronauta ao menos viu que a Terra é toda azul, amor / Isso é bom saber porque é bom morar no azul, amor..."

O astronauta - Baden Powell

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