Que lá sei eu dos insondáveis mistérios da vida e da morte? Pertenço a tempo algum? Houve um instante em que eu sequer existia. Hoje, assisto-me transmutado no corpo de um homem que acorda, trabalha, faz suas refeições regulares, por vezes ri de si mesmo e ao final de cada dia dorme, à espera de sonhos purificados, intocados pela decadência humana.
Que certezas carrego? Sei do sol que curte minha pele nas primeiras horas da manhã, da primavera que deita suas flores pelos jardins ocultos da cidade, das constelações que há milênios guiam os homens pela face da Terra.
Sei da poeira dos meus antepassados que diuturnamente respiro, das malfadadas histórias de amor contadas pelos poetas suicidas, do silêncio que cobre os jazigos de quem um dia partiu e hoje se sente saudades.
Dolorosamente, sei que sou o resultado não das coisas que fiz, mas daquelas que deixei de realizar. A única certeza que me resta é a dúvida.
Goiânia, 13 jan 2012.
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