sexta-feira, 10 de setembro de 2010

FALLUJAH



FALLUJAH

persuadidos pelo silêncio
da noite escura
notas de veludo e pólvora
suspensas no ar

entrincheirados e sorridentes
avançamos
por entre os cadáveres
da antevéspera

há menos de um ano
numa noite como esta
dançávamos
ao som do violino do velho
que tocava sem cessar

avancemos
ainda que retesados e febris
nossos corpos
dentro da noite fria

ao longe o clarão de chamas
flamas ruivas e famintas
debruçando-se sobre a gare

arrastando-se pela planície
soa o chamado do trem
o último a despedir-se do continente

caminhemos
em meio aos escombros incandescidos
da estação
nossos corpos febris tocarão o fogo

ainda assim
sobreviveremos

* * *

GOIÂNIA, 19 JAN 2008

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