Frio noturno. Acima das retinas, o silencioso deslizar da lua e o brilho em vigília de uma estrela longínqua, a lançar seu lume clarificado por sobre águas revoltas de destinos incertos. Havia um rumor de coração, e com ele o soçobrar de memórias inquietas, naufragadas ao primeiro sono. E um sonho de nítidas formas e cores, nascido de alguma realidade sobrenatural, por onde trazias um sorriso embevecido, há muito esquecido nos labirintos de feridas mal cicatrizadas. E despertei, acreditando que por alguns instantes contemplara a face da paz...
sexta-feira, 30 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
CANÇÃO DA MOÇA DE DEZEMBRO
A moça dança comigo
nessa noite de dezembro.
Na sala onde giramos
se alguém mais há não me lembro.
O ondear da moça ondeia
uma melodia ainda
mais doce que a da vitrola
— e uma alegria vinda
dessa doçura me envolve.
Cabe bem no meu abraço
esse perfume com que
vou girando e em que me abraso
em meus quinze anos (a moça
terá, talvez, dezessete
ou dezoito). Como a valsa,
a vida o melhor promete.
E já oferta: esse corpo
a cada instante mais perto.
Ao qual responde meu corpo,
como nunca antes desperto.
E a moça vai-me queimando
em seu hálito, afogando-me
nos cabelos, e nos olhos
luminosos siderando-me!
E eis que, dançando, saímos
além da sala e do tempo.
E dançando prosseguimos
sempre que sopra dezembro,
nos mesmos giros suaves,
nos mesmos ledos enganos:
eu, o antigo rapaz,
e a moça, morta há treze anos.
Ruy Espinheira Filho
nessa noite de dezembro.
Na sala onde giramos
se alguém mais há não me lembro.
O ondear da moça ondeia
uma melodia ainda
mais doce que a da vitrola
— e uma alegria vinda
dessa doçura me envolve.
Cabe bem no meu abraço
esse perfume com que
vou girando e em que me abraso
em meus quinze anos (a moça
terá, talvez, dezessete
ou dezoito). Como a valsa,
a vida o melhor promete.
E já oferta: esse corpo
a cada instante mais perto.
Ao qual responde meu corpo,
como nunca antes desperto.
E a moça vai-me queimando
em seu hálito, afogando-me
nos cabelos, e nos olhos
luminosos siderando-me!
E eis que, dançando, saímos
além da sala e do tempo.
E dançando prosseguimos
sempre que sopra dezembro,
nos mesmos giros suaves,
nos mesmos ledos enganos:
eu, o antigo rapaz,
e a moça, morta há treze anos.
Ruy Espinheira Filho
Adeus ao verão
Partem em revoada as derradeiras nuvens negras outrora adormecidas na profundeza celestial. Há dentro da noite um vento frio que sopra na copa das árvores, e um brilho de luar refratário, quase melancólico. Pairam no pensamento lembranças errantes, arrefecidas ao final de mais uma estação. É terminado o verão...
quarta-feira, 14 de março de 2012
Encontros
terça-feira, 6 de março de 2012
contradança
pés na areia, corpo contra o vento
sem nenhum pudor
vamos dançar na antessala do tempo,
meninazinha,
onde sofrer
é apenas uma forma de contemplar
o amor
Glauber R.
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