Sem aparente explicação, eis que desaparece alguém que estava aqui ao nosso lado, como quem partiu ou morreu. Mas então, não é Natal, época de ganhar presentes e saudar velhos amigos? E quando se parte tão jovem, uma vida inteira pela frente, deixando para trás rastos de lembranças e saudades? Para os viajantes precoces, o que existirá de recompensa em seu destino final como compensação pelo fim abrupto de suas vidas? Um leito macio onde gozarão os amores não vividos? O calor materno nas noites de frio? Um cão amigo para chamar de seu e acompanhá-lo nas horas de solidão? “Para isso fomos feitos: / Para lembrar e ser lembrados / Para chorar e fazer chorar / Para enterrar os nossos mortos — / Por isso temos braços longos para os adeuses / Mãos para colher o que foi dado / Dedos para cavar a terra.” ... assim já dizia o poetinha Vinicius no seu “Poema de Natal”. Não há muito o que dizer, não é mesmo, poeta? “Uma canção sobre um berço / Um verso, talvez de amor / Uma prece...